quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tarantino, Bastardos Inglórios - Uma relativização.

Sim, falar de um grande gênio é sempre penoso, doloroso e controverso. É o verso oposto do sonho que ainda resta, sobra, e falta. A esperança que ao menos os grandes gênios podem escapar da tenebrosa trama imposta pelo poder do dinheiro sobre as almas. Mas não é disso que eu quero falar. Muito menos do contrato social de Ruseau. Não, eu não assinei nem vendi aquilo que não somente não me pertence como é simplesmente tudo que possuo.

A vaidade, o sexo, o luxo, poderiam ser altamente benéficos se tomados fora da perspectiva da ilusão. A grande ilusão do desespero, progenitor da frustração sádica de projetar a felicidade e as limitações que o sistema de vida insere nos pensamentos, na fantasia da felicidade barata. Todas as nossas pulsões são reprimidas, mas outras são inventadas culturalmente a partir das tecnologias e reprimem todo o resto do humano que reside em cada um.



Sem mais delongas, minha principal motivação para esse post é enfim, reconhecer que talvez seja possível que todas as ligações sugeridas no post passado podem ter extrapolado o bom senso e até a própria realidade. E eu me importo. Me importo sim. E quando muitas pessoas me apontam o contrário, creio ser sábio e corajoso, e logo humano, reconhecer o possível limite do erro.

Tarantino é um grande gênio, e sua obra fantástica é maravilhosa em vários aspectos. Ele nos remete aos espaço recônditos de nossa totalidade enquanto pessoas, famintas e sedentas de impulsos, de extravasar anseios, de subjugar nossas limitações, e ter ojeriza por qualquer obstáculo que represente ou simbolize o limite.

Mas sim. Eu vejo o mundo muçulmano abandonado, agredido e atacado pelo mundo ocidental cristão. Vejo sua religião e sua cultura serem usadas como subterfúgios para novos e repetidos ataques. E me identifico, pois sou latino-americano (SOMOS!!). E vejo na sua história presente os passos da nossa história passada. E a visão do homem sobre o humano - me perdoem os antropólogos clássicos - deturpada pelo desejo louco e ilícito de acumulação de poder - traduzido no dinheiro - no nosso passado - o ouro, os recursos naturais - no presente, o petróleo (escasso muito escasso) dos Árabes!!!



Sim, eu me cansei dos filmes sobre o Holocausto. Por um único motivo - eles representam a necessidade de um estado para os Judeus, o estado de Israel - e a existência do Estado de Israel é o grande triunfo do eterno conflito pelo petróleo camuflado (o povo prometido, diz a bíblia). Promovem o holocausto humano árabe.

Soma-se os filmes premiados sobre o Holocausto com filmes como Guerra ao Terror, e pronto a fórmula está concluída. Na verdade me desculpem! Minha proposta é de relativizar.
Sim, não quero visões diferentes para serem empurradas goela abaixo o discurso que já vai ficando chato e repetitivo. Não, acho que os gênios ainda podem se recusar.

Mas é que é foda viver de arte.

E o dinheiro vem do mesmo lugar. E mesmo se o cara for burro pra caralho, ele vai chegar a conclusão que é uma merda morrer de fome.

Não eu não quero criticar Tarantino, muito menos o seu filme. Minha crítica em verdade vai em função de como todo um esquema ideológico se apropria de brilhantes produções. Ninguém tem culpa de ser talentoso, muito menos da história do próprio mundo. Mas eu quero se parte da causa Árabe, e quero que você também seja, como da causa Africana, Indiana, Latino-Americana. Sim, eu quero ser o outro lado da moeda, eu sonho com um mundo sustentável - em todos os sentidos, e também cultural. Que se acabem as guerras. Então eu também preciso crer em algo maior do que os homens, e não devo esperar nada das religiões.

É bom pensar que sou apenas uma pequena parcela de um grande pensamento, e assim sou um breve instrumento como muitos outros. A verdade tem que ser perseguida. Quem espera, deita, e dorme.

Acho que com esforço, alcancei minha relativização.
Um salve ao mestre cineasta:

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